Fim da linha na Copa 22

 

"Não tem a bandeira da ambulância, pai?"

Quartas de final, Brasil e Croácia. 

Sabia que não poderia ver o jogo completo pois a ideia era aproveitar a deixa pra rumar sem trânsito pro litoral, em Juquehy.

Vendo apenas uma parte do jogo achei que não ficaria nervoso mas não adiantou picas. Depois de vermos todo o primeiro tempo, sem gols, pegamos o carro abdicando de qualquer notícia futebolística no rádio ou no celular. 

Sem noção da partida, fiquei imaginando então mil cenários durante toda viagem, como classificados ou desclassificados, várias vezes.

Não sabia de nada e nem queria saber.

Achava estranho as ruas vazias, tudo tão tranquilo e eu cheio de intranquilidade.

Então na serra, saindo de um túnel, vi e ouvi fogos de artifício estourando bem na nossa frente. Calculei pelo tempo de jogo que pudesse ser nossa classificação,  alcançada  somente na prorrogação. 

Por alguns momentos, breves momentos, respirei aliviado imaginando já o próximo desafio, a continuação na Copa. Que sentimento confortante.

Quando a Alê, que olhava o celular sem parar disse que ia pra pênaltis, senti aquela péssima sensação que te percorre da cabeça aos pés chamada calafrio. 

Nooossa, que ducha gelada...agora é loteria total, meu Deus!

Quis logo dar um cavalo de pau ou ao menos dar um berro pra extravasar mas ninguém me entenderia, principalmente as crianças que estavam dormindo. A Alessandra então morreria de susto, e de alguma forma, me matava depois.

Prefiro não lembrar do que senti (algo bem longe do amor) quando ela soltou a pergunta mais sonsa e sarcástica dos últimos tempos: "O próximo jogo seria quando mesmo?". Pô, falei pra não me contar nada, sendo que ela já tinha me contado dos pênaltis, cacilda!! Que sadismo, e pior ainda, sadismo que ela nunca entenderá a real dimensão.

É, eles não sabem mas essa viagem foi bem tensa pra mim.

E assim seguimos, novamente sendo desclassificados  por uma seleção européia. 

Como vem acontecendo desde 2006.