MÚSICAS

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Um dia triste, especial e alegre!


Agora, peço licença na saga japonesa pra falar sobre um dia especial...


Um dia que começou triste e tenso mas foi se tornando tão especial que terminou alegre!

O dia que meu pai ficou mais brilhante ainda e alcançou o plano espiritual.

Foi quase um ano lutando contra o câncer... E que palavra pesada. Tão pesada que nem dá vontade de escrever! Mas foi isso mesmo. Foi essa a escapatória da vida escolhida pelo meu pai lá atrás, lá em cima, lá no outro plano. E ninguém sabia de nada. Desconfiava, mas torcia pra não ser isso.

Até que depois de 11 cansativos meses entre tratamentos, desconfianças, muita esperança e muita preocupação também com a saúde da minha irmã "gêmea" Valéria, meu pai sentiu-se mal, fraquinho que estava já, parou de falar e foi internado pela última vez. Na demora da ambulância, a providência Divina nos trouxe um amigo, um irmão, um anjo que se incumbiu de carregá-lo escada abaixo até o carro, vibrando energias que pudessem fortalecê-lo até chegar ao hospital.
É, com certeza o Cacá foi enviado pra nos ajudar...

E então nossa vigília se iniciou. A nossa preparação. Pra que pudéssemos tirar conclusões, fazer indagações, compreender e...orar. Cinco dias de preces e pedidos. Esperança não há. Só a espera.

E o amor.

Mama y Cristi


"Gracias a la vida, gracias a la vida!"

Era o que minha mãe dizia pro meu pai nos dias de cuidado intenso, maternal, ao lado dele. Dona Glória, guerreira que é, esteve sempre lá preparando o ovinho de codorna que eles dividiriam pois operados do estômago comem muito menos. Até vir a coriza e espirrar. E meu pai se solidarizou com minha mãe mais uma vez e espirrou junto.

Sempre juntos! Misturados a se confundirem com apenas um só.

Loira e Benzão...Benzão e Loira.

E vieram mais anjos pra nos ajudar. Si, como no... Angeles del Paraguay! Primos queridos de minha mãe que sempre estão conosco desfrutando à beira-mar, dessa vez vieram pra nos amparar. Que astuta movimentação de peças nesse tabuleiro de xadrez! Que cuidado com essa família!

E o amor vai crescendo...

O Fê sugere convocar um padre muito bom homem pra orar. Era dia 7. Pela manhã, no quarto 727, formamos uma meia-lua em volta do meu pai. Conectados também a uma estrelinha chamada Valéria, aguardando alta em outro hospital, devidamente poupada dos principais momentos de fraqueza dele. Palavras lindas que o Padre Augusto proferiu ilustraram o momento. O que meu pai semeou durante toda a vida e aquela safra incalculável que frutificou com tanto amor em volta dele.

O amor cresce um pouquinho mais.

Missão católica completa. Era dia 7. À tarde, no mesmo "voo" 727, um Elo de Luz novamente se formou pra completar a preparação. Deu-se início à sessão espírita agora, com o Jú, Cacá e...eu! Pasmem...eu! Por que eu? Não sei. E não sabia até me ser dito que eu não estava ali por acaso...ninguém está! E então eu entendi.

"Ele está bem, está tranquilo. Tá estranhando um pouco essa situação de estar meio preso na cama e meio solto no ar... Mas se preocupa muito com sua mãe. Diz um nome que não é da sua mãe...o que é? Mas é, é sim! Loira, loira...será que ela vai aguentar?". Foi o que nos revelou uma entidade visualizando meu pai que depois esteve de mãos dadas entre eu e meu irmão, fazendo aumentar novamente o amor, nos tranquilizando e nos preparando ainda mais.

Noite. Madrugada. As enfermeiras tentam passar medicação em vão. Não conseguem pois a veia tá difícil. Meu irmão tenta ajudar mas chega até seu limite e desce pra tomar uma coca! É glicose na veia dele...pra respirar...pra se poupar talvez...Enquanto isso, não durmo mais. Estou semi-acordado com tanto barulho deles. Tento ouvir entre a conversa das enfermeiras mas não ouço o que eu queria ouvir que era meu pai continuar sua respiração espaçada, rala, mas ainda com apego à vida terrena. A enfermeira sai e o silêncio continua. Procuro ouvir ainda de olhos fechados mas não ouço mais nada. Não quero levantar. Mas não vou voltar a dormir. Não dá mais. Ele está trocado e agora virado pro outro lado. Eu tenho dor nas costas e estou surdo pois não ouço nada! Nada que eu queria ouvir...


E então me mostraram! Foi rápido e não foi sonho, tenho certeza disso. Um insight. Uma visão de onde estava meu pai agora, com um vento soprando, flutuando com mais alguém num poderoso cenário de uma aurora, com raios de sol ofuscantes e lindos...Vanilla Sky total!!

Só lembrei disso depois. Depois de levantar e ficar ao lado da cama procurando algum sinal que, na verdade, eu sabia que não viria. Não era mais preciso que viesse, afinal. A passagem foi feita! E as enfermeiras sumiram!!

Rezei um Pai Nosso e uma Ave Maria pra ele naquele momento, esperando alguém perceber o sinal de chamado de emergência e atestar o que eu já sabia. A missão do meu pai foi mais que bem cumprida. Foi dignificada!

Nisso, o amor se fortaleceu mais ainda.

Um supervisor aparece pra medir uma pressão imensurável... Atesta e dá fé. Na minha fé, acredito. Mas minha visão anterior já tinha me dito.

"Jú, o pai foi jogar pôker com o Tio Carlito!", disse pro meu irmão pelo celular. Eu não queria assustá-lo então folclorizei. Afinal, como meu grande amigo Jorge sempre diz, o importante na vida é o folclore! E agora a mesa de pôker lá em cima tá maior e com uma presença ilustre!

Daí em diante, eu e meu irmão, fizemos em dois o que meu pai fez inúmeras vezes sozinho. Quantos amigos e parentes que ele ajudou a preparar a despedida de cabo a rabo! Do primeiro contato com o serviço funerário, passando pelo velório até o encerramento de todo ritual, já no jazigo da família. Isso incrementou ainda mais nossa admiração e a nossa responsabilidade naquela hora. Era imprescindível dignificar meu pai, que se mostrou tão digno com tantas pessoas. Não podíamos falhar. Minha mãe, intuída na sua imensa sabedoria, já havia me confidenciado que ele partiria pela manhã pra que não houvesse velório à noite...

E ao longo do dia, fomos percebendo que aprendemos direitinho todas as lições dele. E só encontramos pessoas boas a partir dessas primeiras horas do dia 8. Pessoas que nos ajudaram durante todo o dia e que talvez tenham sido escolhidas a dedo pelo enxadrista-mor.
Certeza que não é talvez!

Desde o agente André Luiz (este, evangélico), passando pelo motorista Ayrton Senna até a Alzira, amiga da Dri que soprou o local da cerimônia, tudo funcionou tão bem, tão minuciosamente orquestrado que a minha impressão foi que o tempo voou.

E o amor já era tão grande em Itapecerica da Serra que tudo mais ficou leve... Quem pôde vir foi chegando e se aconchegando naquela vibração suave e tranquila que meu pai sempre teve. Não podia ser diferente. Assim era ele. Assim ele é!

E veio a cerimônia de despedida. A primeira cerimônia de corpo "ausente" que o crematório viu. Minha mãe não conseguiria. Ela é medrosa. Linda, forte e medrosa. Que bom!

Então aí, o AMOR explode!! Explode numa chuva torrencial tanto dentro quanto fora da Igreja. Você sente no ar! Em cada palavra do sermão "superpoderoso" do Reverendo Edilson, outro bom homem, naquela cerimônia tão especial. Em cada palavra do poema citado por ele e que minha irmã cantarolava dois dias antes. Em cada pilar que o Ricardo citava como sendo os alicerces da integridade do meu pai. Em cada virtude descrita pelas pessoas quando provocadas pelo meu irmão a dizerem uma e apenas uma palavra que o descrevesse. Em cada olhar, em cada lágrima de amor... e em cada verso da canção mais bonita que minha mãe, firme e incrivelmente forte, puxou pra homenageá-lo: Carinhoso

Foi um dia inesquecível.

A prova cabal de como o amor é importante e como é importante o poder transformador do amor!

Tão simples. Tão fácil. Só amor em volta desse nome, agora muito mais forte pra mim, Dr. Helder de Castro Paiva...



2 comentários:

  1. Lindos, sempre admirei o amor deles. Não faziam nada separados. Meus sentimentos. Passei por isso com minha mãe. A perdi em menos de 32 horas. Saudades....Cristina Molina

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  2. Realmente foi uma bela história de amor...Mas ainda é pois minha mãe se iluminou mais ainda pra poder ficar bem depois da subida dele. Com certeza isso é por causa da força do amor entre eles!
    Sinto muito pela sua mãe, Pi. Realmente fica a saudade..Muita força pra família toda e muita luz pra ela!
    ;)

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